sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A praia do futuro

O farol Velho e O Novo

Há alguns dias que tento formular algo para escrever sobre a apresentação do Peter Greenaway que vi. E quase não vi.

Sr.Greenaway começa a apresentação exlicando que o que ele vai mostrar, não pode ser realmente considerada como uma VJ_Performance. É mais que isso.
Brevemente ele discorre sobre sua afirmação categórica:
o cinema está morto.

O cinema como conhecemos hoje(Ou como ele diz, a "Sindrome de Casablanca".): sua forma, estrtura e a experiência cinematográfica está obsoleta. Isso de se sentar numa sala escura, durante 2 horas para ver uma história ser contada através de sons e imagens, não funciona mais. Não desperta mais interesse. Precisamos pensar em outra forma, precisamos aliar às novas tecnologias, fazer cinema pensando que estamos na era da imagem instantânea, da enxurrada de informação visual nos invadindo por todos os meios. Temo que pensar nas novas mídias, como temos que pensar também nas novas narrativas, ou nas não-narrativas.
Fazer do cinema uma experiência sensorial além olho-ouvidos. Fazer dele uma completa experiência corporal.
Ele explica então, que a morte desse cinema, aconteceu em 1983 quando surgiu o controle remoto, aparelhinho que operava tanto a TV quanto o vídeo, ao mesmo tempo. Foi então que feneceu o cinema-passividade.
Ele nos convida a entrar na sua idéia e executarmos que ele chama de "sweat dance", somos então livres para levantar e dançar ou interagir como bem entendermos, com sua aprovação e consentimento¹.

Começa a apresentação.



A Life in Suitcases
A History of Tulse Luper

São 5 telões dispostos uma ao lado do outro, formando um semi-círculo.
Uma grande parede de imagens, que se alternam nesses telões, em muitos momentos seguindo uma ordem de tempo, às vezes simultaneamente, estando as imagens passando ao mesmo tempo nos 5 telões.
É difícil descrever, nem acho que vale a pena. O que posso dizer é que de fato, é uma experiência sem iguais. As imagens causaram em mim muita inquietação. Eu tive vontade sim de levantar da cadeira, ñ para fazer qualquer tipo de dança, mas estar sentada ali somente assitindo à tudo quieta, não bastava. O som era muito bom, e me envolvia totalmente.
Foi cansativo aos meus olhos, ouvidos e mente, porque talvez eu tenha errado como expectadora. Tentei prestar atenção às imagens, ao som que se linkava à elas, às palavras escritas em muitas das imagens, à ordem de apresentação das 92 malas.

Mala 4: cartas de amor
Mala 7: pornografia do Vaticano
Mala 19: Passaportes
Mala 23: cerejas
Mala 24: Mel
Mala 28: cadeados e chaves
Mala 32: animais de zoológico
Mala 33: Idéias sobre a America
Mala 38: água
Mala 40: uma adormecida
Mala 42: 92 objetos
Mala 43: arco-íris
Mala 58: partes de corpo
Mala 63: penas e ovos


It's all about the symbols
the symbols
the symbols
It's all about the symbols
the symbols
It's all about the symbols

never heard of these happenning again
never heard of these happenning again
never heard of these happenning again
never heard of these happenning again
never heard of these happenning again
never heard of these happenning again

Once Upon a time, that was a beuatiful woman
who loved an older man unwisely...

My name is Tulse Luper, and I'm a prisioner of life !

My name is Tulse Luper, and I'm a prisioner of life !

My name is Tulse Luper, and I'm a prisioner of life !

Diversas camadas de sons, se sobrepondo em ritmo alucinado.
Imagens que se repetiam e imagens que só apareciam uma vez em um único telão.

É como se Peter Greenaway estivesse pintando um quadro ao vivo.
Sua postura era de um pinto em pleno âmbito de criação.
Mas na real ela tava era desconstruindo e construindo ao mesmo tempo um filme, que narra a trajetória de Tulse Luper(e do urânio)através de 92 malas que continham objetos ou outras coisas que diziam sua história. Todas as prisões por qual passou. As malas abertas, janelas para as idéias dele.

Ainda absorvo a experiência tentando sorver cada imagem que me vêm à cabeça.
O que pensei é que ele ñ está tentando dizer que esse será o cinema do futuro. Ele só está querendo mostrar que esse é um primeiro passo, um primeiro experimento/estudo sobre como pode vir a ser o cinema.
Livre da relação passiva que é estabelecida e consentida cada vez que sentamos no cinema com pipoca e coca-cola.
Um cinema talvez mais próximo de uma experiência sensorial completa, onde o espectador faça parte da criação.


(...continua)








¹ Nesse momento eu credulamente, achei que o público presente iria se empolgar e entrar na onda. Não que achei q fosse virar algum show de rock, mas q as pessoas iriam interagir minimamente. Pensamento vão. O espetáculo todo pareceu mesmo é hipnotiza os presentes e troná-los ainda mais passivos que antes. Deve ter sido uma decepção para o Sr.Greenaway. Algumas pessoas dromiam despreocupadas e outras deixaram o teatro antes do fim. É estranho ver como certas coisas são rapidamente assiiladas aqui no Brasil, e por outro lado certas coisas estão tão longe ainda de nossa possível aceitação ou compreensão. Mas pensando melhor, isso é um tanto óbvio, no país das novelas. Foi ingênuo de minha parte achar q a performance tão tecnológica e futurista do P.G. iria mesmo agradar nossas mentes tupiniquins-novelescas.

Um comentário:

ociosoanônimoautorizado disse...

interessante, lets.

infelizmente temos que ter em mente que a massa é educada por "mass media" e esse tipo de experimentação cinematográfica dificilmente surtirá o efeito desejado. O que, pra mim, na realidade, não sgnifica fracasso. acho que nós, multimídias vindos da década de 1980, presenciando essa transição de paradigmas, temos que aproveitar essa quaseterradeninguém e agir sem esperar aceitação. usar a tecnologia à libertação, criar e criar. o momento é favorável!


beijoca