Vargas Llosa ataca Woody Allen, Carla Bruni e John Galliano
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da Efe, em Madri
O estilista John Galliano, o cineasta Woody Allen, a revista "Olá" e a cantora Carla Bruni foram classificados nesta segunda-feira pelo escritor peruano Mario Vargas Llosa como parceiros do que ele chama a "civilização do espetáculo".
Vargas Llosa foi o protagonista de uma conferência organizada pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) por ocasião de sua 64ª assembléia.
Seu discurso foi apresentado pelo diretor do jornal espanhol "El País", Javier Moreno, para quem o jornalismo vive um momento difícil e de transição cujos perfis não estão ainda definidos.
Para o autor de "Pantaleão e as Visitadoras", como conseqüências da civilização do espetáculo, a literatura, as artes plásticas, a crítica, o cinema, a política, o sexo e o jornalismo desapareceram em sua essência mais pura.
Isso ocorre, disse, porque há um total desdém por tudo o que lembra que a vida não só é diversão, também drama, dor, mistério e frustração.
Segundo o escritor, no campo do jornalismo, a difusão da frivolidade se alimenta do escândalo.
"A revista 'Olá' e seus 'congêneres são os produtos mais genuínos da civilização do espetáculo porque dão respeitabilidade ao que antes era produto marginal e quase clandestino: escândalo, intriga e inclusive a calúnia", afirmou Llosa.
"A triste verdade é que nenhum meio pode manter um público fiel se ignora a moda imperante", disse o escritor, baseando sua conclusão de que o problema não está no jornalismo mas num estilo de vida que tem no entretenimento passageiro a maior aspiração humana.
"A obrigação de pôr a cultura ao alcance de todos teve em muitos casos o indesejável efeito do desaparecimento de a alta cultura, minoritária pela complexidade de seus códigos, em favor de um amálgama na qual tudo cabe", afirmou o peruano.
Llosa criticou as seções destinadas à cultura. Para ele, desapareceram os intelectuais e praticamente os críticos, mas a cozinha e a moda ocupam boa parte das seções dedicadas à cultura, em um mundo controlado pela publicidade que dá carta de "cidadão honorário a John Galliano e a seus espantalhos indumentários" --nas palavras do escritor.
"E já não produz criadores como Bergman, Visconti ou Buñuel. Coroado como ícone é Woody Allen, que está para um David Lynch ou um Orson Wells como Andy Warhol para Gauguin", afirmou Llosa.
Mas é a política, disse Vargas Llosa, que experimentou maior banalização, porque tiques nervosos da publicidade tomam o lugar das idéias. "Carla Bruni com seu fogo de artifício midiático, mostra como nem sequer a França pôde resistir à frivolidade
terça-feira, 18 de novembro de 2008
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