“Para reduzir sua infelicidade, o sujeito coloca suas esperanças num m´todo de controle que lhe permitiria circunscrever os prazeres que lhe proporciona a relação amorosa: por um lado, conservar esses prazeres, usurfruí-los plenamente, e, por outro, colocar num parêntese de impensado as LARGAS zonas depressivas que separam esses prazeres: “esquecer” o ser amado do lado de fora dos prazeres que proporciona.”
E Deus fez Barthes. E eles fez “Fragmentos de um Discurso Amoroso”, do qual retirei o texto acima.
Aqui me encontro, novamente nesta situação de ser o espelho. Mas agora sou outra.
Sou um espelho complacente. Um espelho de contos de fadas: ao memso tempo generoso e traiçoeiro.
Há alguém que muito me gosta. E eu o aprecio em retorno. Muito mais do que isso é obscuro ainda.
This is not about love. Na verdade é sim, é sobre um amor que poucos ouviram falar; não está nos filmes(talvez em alguns poucos e esquecidos filmes), não está nos romances literários, não está nas músicas que fazem o coração aquecer. I stoped fallin’ out.
Esse amor, que experencio mais que qualquer outro tipo; difuso, volúvel, variante em tantos aspectos; está se muito bem entendido, nos livros de filosofia, em fotografias ambíguas. E dentro de mim vive.
Buscando não uma verdade, mas uma clareza de idéias, de discurso; digo a ele o que penso e o que sinto.
Mas não posso ser totalmente sincera. A sinceridade magoa e mesmo que a dor esteja em toda parte, utopicamente desejo poupá-lo de qualquer dor causada por mim.
Não serão minhas palavras a ferí-lo. Mas isso é uma atitude bem covarde e condescendente.
Porque no fundo, é a mim que não quero ferir.
Eu sou o espelho, lembra? E só porque passei a perceber um pequeno reflexo na sua face é que iluminada me rendi aos meus encantos.
Se possível fosse, colocar numa gaveta todos os hiatos, os brancos e vazios de uma relação, os primeiros amores durariam pra sempre.
Mas ansiamos a plenitude numa relação. Que venha e preencha TODOS os pequenos espaços vazios e tristes, da minha alma! Mal sabendo o quão importantes são esses espaços.
Meu coração é grande; sossegue que já tens definido seu espaço, o que vamos construir nele…
Ninguém sabe.
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